Manuel Hermínio da Silva Monteiro, de seu nome, foi um intelectual de ânimo extraordinário, inteligência invulgar e enorme generosidade. Orgulhava-se de ser transmontano de Parada de Pinhão, onde nasceu e perfez a sua instrução elementar, prosseguindo estudos nos Colégios Salesianos em Arouca e Mogofores aonde finalizou o 5.º ano do liceu. Concluiu o 7.º ano do curso geral dos liceus no Colégio Almeida Garrett, no Porto. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Era um lutador com uma disciplina indómita e uma memória prodigiosa. Assumiu a direcção da editora e livreira Assírio & Alvim em 1983, que pela sua capacidade de inovação se tornaria excepcional, desde logo com a publicação das obras literárias de António Maria Lisboa, Herberto Hélder, Mário Cesariny, Mário de Sá-Carneiro, Teixeira de Pascoaes e a publicação da obra completa de Fernando Pessoa. Em 1993 foi agraciado como Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, pelo Presidente da República Mário Soares.
Concebeu e dirigiu a revista “A Phala” da qual se destaca: “A Phala: Um Século de Poesia (1888-1988)”. Criou na “Assírio”, na rua Passos Manuel, em Lisboa, um espaço (galeria) de arte. Dinamizou as livrarias nos cinemas King, de Lisboa, e no Porto. Foi autor de programas radiofónicos e televisivos. Prefaciou livros e escreveu textos para catálogos de exposições e deu imensas entrevistas.
Lançou a colecção “Rei Lagarto” dedicada à música, dirigiu a revista “MetropoLIS” no âmbito de Lisboa Capital Europeia da Cultura e fundou a Associação Cultural Saldanha. Criou a “Assírio Líquida”, o primeiro bar-livraria no Bairro Alto. Foi um dos fundadores do “Movimento do Partido da Terra”.
Foi iniciador com Miguel Esteves Cardoso, e colaborador, da Revista K, colaborou na revista “Ler”, fez parte do conselho editorial da revista Espacio/Espaço Escrito, de Badajoz. Entrou na criação da revista hispano-americana de poesia “ Hablar/Falar de Poesia”. Colaborou ainda noutras publicações como: “O Independente”, “Jornal de Letras”, “Douro-net”, Revista “Barata”, e o jornal “
Era confrade da Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro, e sobre a gastronomia deixou-nos legados notáveis nas revistas “Visão”, “Epicur”, etc. Defensor do património cultural e natural do país participou no Movimento de Salvaguarda das Gravuras do Vale do Côa e foi sócio do movimento ADRIP, de Cacela, no Algarve.
Hermínio Monteiro legou-nos também literatura dispersa em revistas literárias e de cultura, tais como a “ A ideia anartista”, “ Sema”, “Loreto
A edição da sua obra em prosa já começou com “ Urzes”, numa colecção de “O Independente”, com a colaboração de Manuela Correia, encontrando-se no entanto a maior parte da sua obra poética inédita. E o exemplo acabado de como sabia cuidar a poesia vem da sua direcção editorial da melhor antologia universal “A Rosa do Mundo 2001 Poemas para o Futuro”.
Aquando do seu passamento ao oriente eterno, em 3 de Junho de 2001, foi realizado em sua memória o suplemento “Mil Folhas” do jornal “Público” com preito de 48 personalidades da cultura. Depois o tributo “Uma Rosa para o Hermínio” no Porto, na Biblioteca Almeida Garrett. Também a Junta de Freguesia de Parada de Pinhão e depois a Câmara Municipal de Lisboa perpetuaram o seu nome na nossa toponímia.
Mais, rememoro os seus propósitos de edificação de uma Casa da Poesia no âmbito da Associação Rosa do Mundo. Para este efeito Manuela Correia, viúva de Hermínio Monteiro, comprou a Quinta da Fonte em Parada de Pinhão. Para a Casa da Poesia existe um anteprojecto do arquitecto Souto Moura. Está em esboço uma escultura de homenagem à poesia, da autoria de Gracinda Marques. È forçoso que as instituições e os amigos de todas as horas dêem as mãos para que se concretizem alguns dos desígnios de Manuel Hermínio Monteiro que deram vida à Associação Rosa do Mundo.
Celestino Silva
1 comentário:
Por favor, leia o meu post de hoje e se não achar disparatado tente que a manuel Correia tenha acesso a ele (mandeia mesma mensagem ao francisco José Viegas
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