Jerzy Grotowsky

Antes que um actor seja capaz de atingir um acto total, ele tem que cumprir uma série de requisitos, alguns dos quais são tão subtis, tão intangíveis, que se tornam praticamente indefiníveis por palavras. Eles só se tornam simples através da aplicação prática. Este acto não pode existir se o actor estiver mais preocupado com o charme, o sucesso pessoal, aplausos e salário do que com a criação tal como é entendida na sua forma mais elevada. JERZY GROTOWSKY
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25.10.11

A Trouxa Mouxa em Favaios e Chaves


A Trouxa Mouxa / TAM, vai apresentar A ARENA, uma compilação de texto de Anton Tchekhov nos dias 28 e 29 de Outubro em Favaios (Teatro Antonio Augusto Assunção) e Chaves (Cine Teatro Bento Martins), respectivamente. Aguardamos a vossa visita!

24.3.11

Dia Mundial do Teatro 2011

ITI - International Theatre Institute
[World Organization for the Performing Arts]

Este é o momento exacto para uma reflexão sobre o imenso potencial que o Teatro tem para mobilizar as comunidades e criar pontes entre as suas diferenças.
Já, alguma vez, imaginaram que o Teatro pode ser uma ferramenta poderosa para a reconciliação e para a paz mundial?
Enquanto as nações consomem enormes quantidades de dinheiro em missões de paz nas mais diversas áreas de conflitos violentos no mundo, dá-se pouca atenção ao Teatro como alternativa para a mediação e transformação de conflitos. Como podem todos os cidadãos da Terra alcançar a paz universal quando os instrumentos que se deveriam usar para tal são, aparentemente, usados para adquirir poderes externos e repressores?
O Teatro, subtilmente, permeia a alma do Homem dominado pelo medo e desconfiança,
alterando a imagem que têm de si mesmos e abrindo um mundo de alternativas para o indivíduo e, por consequência, para a comunidade. Ele pode dar um sentido à realidade de hoje, evitando um futuro incerto.
O Teatro pode intervir de forma simples e directa na política. Ao ser incluído, o Teatro pode conter experiências capazes de transcender conceitos falsos e pré-concebidos.
Além disso, o Teatro é um meio, comprovado, para defender e apresentar ideias que sustentamos colectivamente e que, por elas, teremos de lutar quando são violadas.
Na previsão de um futuro de paz, deveremos começar por usar meios pacíficos na procura de nos compreendermos melhor, de nos respeitarmos e de reconhecer as contribuições de cada ser humano no processo do caminho da paz. O Teatro é uma linguagem universal, através da qual podemos usar mensagens de paz e de reconciliação.
Com o envolvimento activo de todos os participantes, o Teatro pode fazer com que muitas
consciências reconstruam os seus conceitos pré-estabelecidos e, desta forma, dê ao indivíduo a oportunidade de renascer para fazer escolhas baseadas no conhecimento e nas realidades redescobertas.
Para que o Teatro prospere entre as outras formas de arte, deveremos dar um passo firme no futuro, incorporando-o na vida quotidiana, através da abordagem de questões prementes de conflito e de paz.
Na procura da transformação social e na reforma das comunidades, o Teatro já se manifesta em zonas devastadas pela guerra, entre comunidades que sofrem com a pobreza ou com a doença crónica.
Existe um número crescente de casos de sucesso onde o Teatro conseguiu mobilizar públicos para promover a consciencialização no apoio às vítimas de traumas pós-guerra.
Faz sentido existirem plataformas culturais, como o [ITI] Instituto Internacional de Teatro, que visam consolidar a paz e a amizade entre as nações.
Conhecendo o poder que o Teatro tem é, então, uma farsa manter o silêncio em tempos como este e deixar que sejam “guardiães” da paz no nosso mundo os que empunham armas e lançam bombas.
Como podem os instrumentos de alienação serem, ao mesmo tempo instrumentos de paz e reconciliação?
Exorto-vos, neste Dia Mundial do Teatro, a pensar nesta perspectiva e a divulgar o Teatro, como uma ferramenta universal de diálogo, para a transformação social e para a reforma das comunidades.
Enquanto as Nações Unidas gastam somas colossais em missões de paz com o uso de armas por todo o mundo, o Teatro é uma alternativa espontânea e humana, menos dispendiosa e muito mais potente.
Não será a única forma de conseguir a paz, mas o Teatro, certamente, deverá ser utilizado como uma ferramenta eficaz nas missões de paz.

Makerere University
Department of Music, Dance and Drama

21.3.11

Comemorações Dia Mundial do Teatro


Enquanto não se retomam os trabalhos de A CURVA, no dia 27 de Março, A TROUXA MOUXA em colaboração com o Teatro Amador de Mondim, vai apresentar A ARENA, uma compilação de textos de Tchekov. A peça estreia às 16 horas e repete às 21.30.

2.2.11

Tiago Pires vai ser júri em Festival de Teatro

Tiago Pires, da A TROUXA MOUXA, vai ser membro do júri, representante da Federação Portuguesa de Teatro, no Concurso Nacional de Teatro em Póvoa de Lanhoso, edição de 2011.Este evento de carácter competitivo, realiza-se no Theatro Club da Póvoa de Lanhoso entre os dias 04 de Fevereiro e 05 de Março de 2011.Os nove espectáculos a competição serão apresentados nas sextas-feiras 4, 11, 18, 25 de Fevereiro e 4 de Março e, sábados 5, 12, 19 e 26 de Fevereiro, sempre pelas 21h45. Aqui está o programa.

Concurso Nacional de Teatro
Póvoa de Lanhoso 2011
04 Sexta-feira - Juventude Povoense ~ Póvoa de Lanhoso
Brandos costumes [no país dos]
Criação colectiva

05 Sábado - Teatro Experimental Intervenção de Alvarim ~ Tondela
Casal moderno
Dário Fo e Franca Rame

11 Sexta-feira - Teatro Ensaio Raul Brandão ~ Guimarães
Morte e vida Severina
João Cabral de Melo e Neto

12 Sábado - Teatro Passagem de Nível ~ Amadora
Na tua ausência
A partir de Cartas a Mónica de Paulo Ferreira

18 Sexta-feira - Companhia de Teatro Água Corrente ~ Ovar
Armadilha para um Homem só
Robert Thomas

19 Sábado - Blá Blá Blá Teatro Jovem de Campo Maior
Terror e miséria
Adaptação da obra de Bertold Brecht

25 Sexta-feira - Grupo Mérito Dramático Avintense ~ Vila Nova de Gaia
A casa da Bernarda Alba
Federico Garcia Lorca

26 Sábado Grupo de Teatro Palha de Abrantes
Dois irmãos
Fausto Paravidino

04 Sexta-feira - Grupo de Teatro Viteotonius ~ Viseu
A casa da Bernarda Alba
Federico Garcia Lorca

05 Sábado - CERIMÓNIA DE ENCERRAMENTO
Grupo Mérito Dramático Avintense
O crime da aldeia velha
Bernardo Santareno

18.1.11

Novo espectáculo de TAM em parceria com A TROUXA MOUXA


O Teatro Amador Mondinense/ Trouxa Mouxa exibe nos próximos dias 21, 22, pelas 22 horas e 23 de Janeiro, pelas 16 horas, na Casa da Cultura de Mondim de Basto, a peça “Andam Ladrões Cá em Casa”, de António Pedro, com encenação de Tiago Pires.
Trata-se da segunda peça apresentada pelo recém-criado grupo, que junta várias gerações de mondinenses empenhados em revitalizar as artes cénicas no concelho.
A Câmara Municipal tem vindo a apostar nas actividades desenvolvidas pelos grupos locais como forma de incentivar a sua continuidade, ao mesmo tempo que proporciona à população uma oferta cultural regular, sem encargos financeiros para a autarquia.
Os bilhetes para os espectáculos podem ser adquiridos do número 964717125 ou no próprio dia na bilheteira da Casa da Cultura.

Ficha Técnica e Artística
Elenco:
- D. Júlia (Filomena Rodrigues)
- Joaninha (Sofia Afonso)
- Teles (Cristiano Pereira)
- Ignácio (Rui Reis)
- Major Borges (Gabriel Magalhães)
- Erenestina (Teresa Pires)

Desenho de Luz – Tiago Pires, Cristiano Pereira, Luís Romano
Sonoplastia – Luís Romano
Figurinos – Colectivo
Cenografia – Colectivo
Fotografia – Paulo Mota
Design – Luís Romano

21.11.10

Quem é Tankred Dorst?


Tankred Dorst (nascido em 12 de Dezembro de 1925) é um dramaturgo alemão e contador de histórias. Tankred Dorst vive e trabalha actualmente em Munique. As suas farsas e parábolas são inspirados pelo teatro do absurdo patente nas obras de Ionesco, Giraudoux e Beckett. A sua obra Das Oder Merlin wüste Land, estreada em 1981 em Düsseldorf, tem sido comparada ao Fausto de Goethe. Alguns críticos vêem-na como o primeiro grande drama de 1980.

Biografia

Tankred Dorst nasceu em Sonneberg / Turíngia. Recrutado para o exército alemão quando tinha a idade de 17 anos, foi capturado e encarcerado como prisioneiro de guerra. Até 1947, permaneceu nas mãos dos britânicos e americanos. Passado uns tempos foi libertado do cativeiro e regressou à sua terra natal e família, na antiga Alemanha Ocidental, completando a sua escolaridade. Em 1950 estuda literatura alemã, história da arte e do teatro em Bamberg e Munique. Juntamente com o compositor Guilherme Killmayer fundou o teatro de marionetes Das Kleine Spiel, para a qual ele escreveu suas primeiras peças. Depois de acabar os seus estudos, trabalhou na rádio e cinema. As suas primeiras obras foram realizadas em 1960 em Lübeck, Mannheim e Heidelberg. A partir desta data até hoje, as suas peças foram realizadas em todo o mundo. O trabalho de Tankred Dorst tem sido agraciado com numerosos prémios e distinções, incluindo o Gerhart Hauptmann Prize (1964), Prémio da Cidade de Florença (1970), Prémio de Literatura da Akademie der Bayerische Künste (1983), Prémio Mülheim dramaturgo (1989), Prémio Georg Büchner (1990), ETA Hoffmann Prémio (1996) e a cidade de Zurique, de Max Frisch Prize (1998).

Algumas obras

A Curva (1960)
Toller (1968)
Rotmord (1969, adaptação televisiva de cinema produzido em colaboração com Peter Zadek)
Areia (1971, filme para televisão dirigido por Peter Palitzsch)
Idade do Gelo (1973)
A Villa (1976)
A mãe de Clara (1978, filme para televisão)
Mosch (1980, adaptação para o cinema de televisão)
Merlin ou A Terra Perdida (1981)
João de Ferro (1982, adaptação para o cinema)
Percival (1987)
Cesta (1988)
Carlos (1990)
Mr. Paul (1994)
A lenda do pobre Heinrich (1997)
Kupsch (2001 monólogo)
A Alegria da Vida (2001)
Othoon (2002)

Fotos de ensaio



Aqui vão algumas fotos do ensaio de A CURVA, na sala de ensaios do Teatro de Vila Real.

27.10.10

Nova Produção de A TROUXA MOUXA




Após dois anos de intervalo, A TROUXA MOUXA vai regressar aos palcos. Desta vez, para levar a cena a peça do dramaturgo alemão de Tankred Dorst, "A CURVA", que se encontra já em processo de ensaio. A peça vai ser encenada por Cristiano Pereira e o seu elenco é constituído por Tiago Pires (António), Miguel Soares (Rudolfo) e Ricardo Almeida (Director Geral). A cenografia é da responsabilidade de Radu Konchesko e a sonoplastia de Vítor Hugo Ribeiro.

28.9.10

Recortes da Imprensa


OFITEFA apresenta “Eu, Manuel Inácio, Quero ser Santo!” em Alijó

A Oficina de Teatro de Favaios esteve presente no Teatro Auditório Municipal de Alijó, no dia 11 de Setembro, abrindo a temporada cultural para o ano 2010-2011.
A peça que este grupo amador apresentou no palco de Alijó foi “Eu, Manuel Inácio, Quero ser Santo!”. Trata-se de uma história sobre um concurso realizado nos anos 30 do século XX, promovido pelo Estado Novo, o Concurso da Aldeia Mais Portuguesa de Portugal. Ficcionando o ambiente da altura, coloca em acção personagens características do mundo rural de então, numa comédia de costumes que pretende discutir as formas como se administrava o poder durante a ditadura fascista de Oliveira Salazar.
A peça passa-se em Lamas de Olo, no Alvão, uma das localidades da província de Trás-os-Montes que, juntamente com Alturas do Barroso, defenderam as cores desta região.
Esta comédia, com cerca de 60 minutos, divertiu o público presente no Teatro Auditório de Alijó, sendo o elenco aplaudido de pé, no final da actuação.


Do NOTICIAS DO NORDESTE, chega outra crítica positiva ao trabalho da OFITEFA.

Não há dúvidas de que a OFITEFA (Oficina de Teatro de Favaios) é um dos melhores grupos de teatro amador do nosso país. A última produção da Oficina de Teatro de Favaios faz jus à excelência dos actores que formam o grupo, cuja qualidade de representação ultrapassa, sem dúvida, a de muitos grupos que por aí se arrastam nos palcos com o qualificativo de profissionais. "Eu Manuel Inácio quero ser santo!", a última peça do grupo, que já anda em tournée pela região, centra-se numa abordagem social que recua até ao tempo do salazarismo, recuperando uma temática nunca tratada em teatro: o Concurso da Aldeia Mais Portuguesa de Portugal, promovido pelo Estado Novo na década de 30 do século passado. "Ficcionando o ambiente da altura, coloca em acção personagens características do mundo rural de então, numa comédia de costumes que pretende discutir as formas como se administrava o poder durante a ditadura fascista de Oliveira Salazar. A peça passa-se em Lamas de Olo, no Alvão, uma das localidades da província de Trás-os -Montes, que juntamente com Alturas do Barroso defenderam as cores desta região". "Eu Manuel Inácio quero ser santo!" é uma comédia de costumes da autoria de Ricardo Ferreira de Almeida, que também é o encenador, e resulta de uma colaboração artística realizada entre a OFITEFA e o Grupo de Teatro Trouxa Mouxa.

Fotos da Lagarada



Aqui vão umas fotos, tirada por Paulo Costa na lagarada de Celeirós!

23.5.10

Estreia adiada para dia 5 de Junho


A peça "Eu Manuel Inácio quero ser santo!" foi adiada para dia 5 de Junho, em Favaios. No dia 11 de Junho estaremos no Teatro de Vila Real!

23.3.10

Ensaios a bom ritmo!


Continuam os ensaios em Favaios com a OFITEFA, sempre a bom ritmo! Entretanto, aqui está uma hipótese de cartaz! Aguardem notícias!

Mensagem Dia Mundial do Teatro 2010


O Dia Mundial do Teatro é para nós a ocasião de celebrar o Teatro na
multiplicidade de suas formas. Fonte de divertimento e inspiração, o teatro contém em si a capacidade de unificar as inúmeras populações e culturas que existem pelo mundo. Mas ele representa muito mais do que isso, ao oferecer-nos possibilidades de educação e informação.
O Teatro acontece no mundo inteiro, e não apenas nos seus espaços tradicionais :
os espectáculos podem ser realizados numa pequena aldeia da África, no sopé de uma montanha da Arménia, em uma pequena ilha do Pacífico. Ele não tem necessidade de um espaço e de um público. O teatro possui esse dom de nos fazer rir, de nos fazer chorar, mas ele deve, também, fazer-nos reflectir e reagir.
O teatro é fruto de um trabalho de equipe. São os actores que vemos, mas existe um número espantoso de pessoas escondidas, todas elas tão importantes quanto os primeiros e cujas diferentes e específicas competências permitem a realização do
espectáculo. A eles se deve uma parte de todo o triunfo ou sucesso alcançado.
O dia 27 de Março é a data oficial do Dia Mundial do Teatro. Mas cada dia deveria poder ser considerado, de diversas maneiras, como uma jornada do teatro, pois cabe-nos a responsabilidade de perpetuar esta tradição de divertimento, de educação e de edificação dos públicos, sem os quais não poderíamos existir.



MENSAGEM DE DAME JUDI DENCH
DIA MUNDIAL DO TEATRO 2010

18.1.10

A TROUXA MOUXA colabora com OFITEFA em nova produção



Após um período de interregno forçado, A Trouxa Mouxa vai voltar à produção artística, colaborando com o Ofitefa (Oficina de Teatro de Favaios) na montagem de uma nova peça. Esta tem como título EU, MANUEL INÁCIO, QUERO SER SANTO, da autoria de Ricardo Ferreira de Almeida, que também a vai encenar. A peça EU, MANUEL INÁCIO, QUERO SER SANTO, recupera uma temática nunca abordada em teatro: o Concurso da Aldeia Mais Portuguesa de Portugal, promovido pelo Estado Novo na década de 30 do século passado. Ficcionando o ambiente da altura, coloca em acção personagens características do mundo rural de então, numa comédia de costumes que pretende discutir as formas como se administrava o poder durante a ditadura fascista de Oliveira Salazar. A peça passa-se em Lamas de Olo, no Alvão, uma das localidades da província de Trás os Montes, que juntamente com Alturas do Barroso defenderam as cores desta região. A estreia está prevista para Abril.

19.3.09

Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2009

Teatro não pode ser apenas um evento - é forma de vida! Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de ideias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro!

Não só casamentos e funerais são espectáculos, mas também os rituais quotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática – tudo é teatro.
Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espectáculos da vida diária onde os atores são os próprios espectadores, o palco é a plateia e a plateia, o palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver, tão habituados estamos apenas a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida quotidiana.

Verdade escondida

Em Setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo seguro, apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós, em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com nosso dinheiro guardado em um banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da bolsa quando fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis. Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas de suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias.

Vinte anos atrás, eu dirigi Fedra de Racine, no Rio de Janeiro. O cenário era pobre: no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espectáculo, eu dizia aos meus atores: "Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia. Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir. Teatro é a Verdade Escondida".

Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, géneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida.

Actores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!

Augusto Boal